O juiz, jovem ainda, havia dois dias chegara à comarca. Queria impor disciplina, ordem, respeito. Começou por chamar, um a um, todos os servidores forenses.
Não se poderia dizer que estivesse contaminado pela juizite (característica em alguns novos magistrados, mas que acompanha alguns por toda uma vida). Mas era evidente que o novel juiz queria marcar seu território.
Um dia mais, resolveu entrevistar detalhadamente os oficiais de justiça - eram três – chamando todos ao gabinete. Foi então que solicitou a um servidor engravatado, de cabelos crescidos, pintados de preto:
- Diga-me seu nome!
- Eu sou o Beleza, excelência - respondeu o meirinho, estendendo a mão.
Na tentativa de descontrair, mas de forma evidentemente indelicada, o magistrado perguntou em seguida:
- E Beleza é nome de gente?
A resposta chegou por meio de outra pergunta, pronta, incisiva e atrevida do oficial:
- Meritíssimo Doutor Pinto, e Pinto é?
A risada foi geral. Mas em instantes encerrou-se a reunião, com os agradecimentos do magistrado pela “cooperação de todos”.
Em tempo: não ocorreu no Rio Grande do Sul.