
Quem começou a briga?
Publicação em 13.03.20Reprodução das redes sociais

Antes do Gre-Nal, confraternização e respeito. Quase no final da partida, pancadaria e oito expulsões.
Nos comentários anteriores ao Gre-Nal, o meu antigo colega de ginásio Roberto Pauletti, afirmou: “... A maior contratação do Internacional na temporada foi a atitude”.
Lembrei muito disso durante a partida. Sim, como já registrei aqui, a cara do time é bem diferente da de antes. É um time irresignado e que busca permanentemente o resultado positivo. Esse é o pressuposto da vitória – jogar com tudo, com obstinação e garra.
O Gre-Nal das Américas revelou isso. Com curtos lapsos no bom futebol, o Internacional jogou com superioridade, dominando o rival na maior parte do tempo. O mínimo a dizer é que nos piores momentos da equipe o jogo foi lá e cá. O domínio tricolor só ocorreu quando o esporte se assemelhava mais com o futebol society.
Não é exagero afirmar também que o melhor jogador do adversário foi a trave.
Um belo espetáculo de futebol, com alguns jogadores mostrando expressiva evolução e um treinador que se afirma, efetivamente dirigindo a equipe.
Em meio à pressão da partida veio a “pauleira”. Essa também lá e cá, ao contrário do que verbalizou o treinador gremista na entrevista coletiva. A toda evidência, o reverenciado “estatuado” não lembra mais do acirramento estadual e nem da tensão de um clássico com conotações históricas.
Como um colegial que é flagrado brigando na saída do colégio, apressou-se em imputar ao outro o início do confronto físico.
Ora, por mais lamentáveis que sejam as brigas em jogos de futebol, essa seguramente não foi a última. Lembrei daquela ocorrida quando da inauguração do nosso estádio e da voadora cinematográfica do então goleiro do Inter Carlos Gainete Filho.
Quanto maior a importância da partida, maior a pressão, maiores as responsabilidades e o nervosismo dos jogadores.
É fácil para quem assiste de longe, à luz de alguns comentários havidos na imprensa, acusar os jogadores de irresponsáveis e maus profissionais. Tenho a certeza de que passado o episódio, serenados os ânimos, todos estão arrependidos e prontos para o próximo confronto.
Com certeza o próximo Gre-Nal contará com os expulsos, pois é pelo Gauchão, assim será tranquilo. Comissões técnicas e direções saberão aplacar os impulsos da meninada.
O meu pai utilizava uma figura para essas situações: acordar às quatro da madrugada, tomar um copo de leite e ir a um baile de carnaval é a condição para que todos que lá estejam pareçam doidos.
Afinal era o Gre-Nal da história, o Gre-Nal seguinte após a derrota ainda atravessada na garganta. Era o Gre-Nal jamais havido em 110 anos de Libertadores.
Afinal era a paixão de cinco milhões de gaúchos colorados, contra a de outros quase cinco milhões.
Vamos ao próximo, afinal ´Gre-Nal é Gre-Nal com as suas circunstâncias´ - como diria José Ortega y Gasset, um jornalista e ativista político, amplamente considerado o maior filósofo espanhol do Século XX. Foi o principal expoente do perspectivismo e da teoria da razão vital e histórica.