
Lula quer que a Casa da Moeda produza mais dinheiro
Publicação em 07.04.20Arte EV sobre foto de Zanone Fraissat / Google Imagens


Causou torpor - a pessoas sensatas - o trecho final do vídeo postado no sábado (4), nas redes sociais, em que o ex-presidente Lula critica decisões do atual governo, especialmente sobre o valor do auxílio emergencial (R$ 600) para trabalhadores informais.
Eis o arremate, textualmente:
“O governo pode produzir dinheiro, pode rodar a Casa da Moeda, pode fazer dinheiro e pode colocar dinheiro novo para cuidar de enfrentar esse inimigo chamado coronavida”. (sic)
A propósito: para ver e escutar a peroração de Lula, clique aqui.
Antes de desenvolver esse disparate - sabendo-se que não é versado em questões de economia - Lula poderia ter conversado com seus ex-ministros da área econômica. Estes teriam - imagina-se - então, tentado ensinar-lhe, aproximadamente, que o descontrole da inflação e uma crise hiperinflacionária são as consequências mais clássicas de imprimir dinheiro.
São outros efeitos que vêm a reboque: a perda de credibilidade, a fuga de dólares e a necessidade de juros altíssimos para responder a tudo isso - além de desemprego e recessão.

Restaria ainda a fantasia de Lula fazer uma ligação para o céu, contatando com Hugo Chávez, presidente por 14 anos (1999/2013), para se esclarecer sobre os detalhes iniciais da bancarrota da Venezuela.
Ou, concretamente, tentar localizar telefonicamente Nicolás Maduro em algum lugar do planeta Terra, pedindo-lhe que relate as minúcias atuais da crise econômica venezuelana.
A hiperinflação veio ali como ricochete da impressão semanal de dinheiro novo e resultou no desemprego e no aumento da pobreza, o que veio a provocar a retirada de milhões de refugiados para países vizinhos, como o Brasil.
O resto da história, todos sabemos.

Há quem defenda que Lula “teria se equivocado”, na emoção da gravação e, depois - pensando bem - explicara que fora um engano de abordagem.
Engano, por engano, é oportuno lembrar que o ex-presidente tem um deles - de repercussão gigantesca - atrelado à sua biografia.
Em um café da manhã com blogueiros, no dia 20 de janeiro de 2016, no Instituto Lula, em São Paulo, o ex-presidente afirmou que “não tem uma viva alma mais honesta” do que ele. O petista começara a responder sobre investigações de corrupção. A fala textual foi assim:
“Se tem uma coisa que eu me orgulho, neste País, é que não tem uma viva alma mais honesta do que eu. Nem dentro da Polícia Federal, nem dentro do Ministério Público, nem dentro da Igreja Católica, nem dentro de igreja evangélica. Pode ter igual, mas eu duvido”.

A OAB gaúcha expediu nota oficial ontem (6) para informar “as providências adotadas em relação a dois advogados envolvidos em investigação da Polícia Civil e do Ministério Público”. As denúncias envolvem a apresentação de laudos médicos falsos para amparar pedidos judiciais de prisão domiciliar para apenados do sistema penitenciário. E também captação irregular de clientela.
O presidente Ricardo Breier, com rapidez, ante “a gravidade e ampla repercussão, pública e negativa, dos fatos imputados aos profissionais” suspendeu o exercício profissional dos advogados L.H. e A.C.N.
Em boa hora a Ordem suspendeu os dois indignos. Mas - por força de uma norma tosca e malfeita - a entidade não pode oficialmente divulgar os nomes deles, enquanto não houver trânsito em julgado da decisão. Assim, os banidos temporariamente, do jeito oficial, são L.H. e A.C.N. A lei cheira a dissimulado corporativismo, não é?...
Pois o Espaço Vital anuncia com todas as letras que os punidos são os advogados Leandro Horstmann (nº 87.255) com escritório em Gravataí, e Antenor Colombo Neto (nº 72.874), com escritório em Cachoeirinha.
A propósito, por que não se altera essa lei que só permite a divulgação das iniciais dos anjos? O ministro Celso de Mello, do STF, já proferiu longos votos e assinou apreciáveis artigos de doutrina sobre o princípio constitucional da publicidade dos processos. Os calhamaços jurídicos contém apreciáveis fundamentos para a mudança. Basta querer.
O que dizem os advogados suspensos pela OAB-RS - Veja matéria nesta mesma edição.