
A eleição direta para a presidência nacional da OAB: cada Estado, um voto
Publicação em 27.11.20Arte EV sobre caricatura de Amarildo

A relevância do tema já mobiliza atividades da Câmara dos Deputados, certamente instada pelo seu legado histórico, pois a OAB credenciou-se como garante da democracia e das liberdades. A democracia como valor universal nunca é “obra pronta e acabada”; ela é aperfeiçoada à medida que é praticada. É um valor vivo em constante mutação.
O Conselho Federal da OAB também tem outra proposta para a adoção do voto direto, todavia com critério distinto daquele que consta da proposta da conselheira federal Marina Gadelha (OAB/PB) - e que aqui comentei na semana passada. É aspecto que importa à definição do sistema, mas não essencial.
A outra proposta a que me refiro - de iniciativa do conselheiro federal Luís Claudio Alves Pereira (OAB-MS) - contempla o princípio geral da eleição direta, estabelecendo que cada seccional, independente da sua representatividade numérica, terá peso igual na definição do resultado – cada seccional um voto. Pelo que não faz reserva a “rádio-corredor” da OAB-RS, seu atual presidente Ricardo Breier está “fechado” com esta solução.
O debate colocado diz com o real encaminhamento dos temas de interesse da maioria dos profissionais. Não raramente testemunhamos presidentes da OAB defendendo as suas posições pessoais, atuando como se fossem a chamada “vanguarda esclarecida”.
A realidade dos mega escritórios, organizados difusamente em todo o país e sediados nos grandes centros, por exemplo, choca-se com as carências daqueles que exercem a profissão individualmente. Há, pois, contradições importantes e que emergem da realidade sócio econômica das regiões, impondo mecanismos voltados à equidade.
Como já reportado, o maior desafio no momento é a efetiva tramitação dos projetos que propõem a alteração. A causa dificulta a adoção de posicionamento publicamente contrário, sendo que as manobras tendentes a arrastar a discussão para o futuro são visíveis.
Deve preponderar a vontade política de muitos dirigentes na defesa da mudança proposta e clamadas pela advocacia.
A causa mobiliza o Parlamento, não só para a discussão do tema, como também estimula eventuais e oportunistas manobras regimentais que podem retardá-la para depois da eleição prevista para 2024.
Segundo consta, a sucessão do atual presidente (Felipe Santa Cruz) já tem candidato por ele apoiado – Beto Simonetti (Amazonas). Outros dois correriam por fora: Luiz Viana Queiroz (Bahia) e Ary Raghiani Neto (Mato Grosso do Sul)
Não é difícil concluir que a eleição de 2022 é também destinada ao atendimento de compromissos remanescentes da última campanha eleitoral.
O ex-presidente Sarney já deixou sacramentado: “A melhor forma de adiar uma reivindicação é criar uma comissão para
debatê-la”.
No caso das eleições diretas, ao menos para mim, interessa a sua adoção com a maior brevidade possível. E a renovação das diretorias das 27 seccionais será na segunda quinzena de novembro de 2021. Falta um ano apenas...
CONHEÇA A PROPOSTA DO CONSELHEIRO FEDERAL LUIS CLAUDIO ALVES PEREIRA (OAB-MS)