
Porque o Internacional é roubado
Publicação em 02.03.21Pedro H. Tesch/AGIF
É histórica a centralização do futebol no eixo Rio - São Paulo, o que foi agravado pelos interesses do televisionamento que busca a maior audiência. Isso colaborou para que a estrutura diretiva do futebol brasileiro sofra forte influência dos chamados grandes, aqueles que possuem expressiva torcida em todo o país e, assim, milhões de espectadores.
Em 2005 uma organização criminosa retirou do Internacional um título brasileiro que, por mérito, era seu. Uma vergonhosa página na história.
Agora, não com a mesma expressão e violência, em pequenos “erros de interpretação”, o título nos foi surrupiado. A realidade poderia ter sido atenuada, não fossem alguns resultados de campo inaceitáveis, e os retumbantes erros administrativos de planejamento. Repito: os que hoje comandam o clube são os mesmos responsáveis pelo retrospecto incipiente da gestão que integravam.
A respeitabilidade de uma instituição, mesmo um clube de futebol, depende dos seus acertos constitutivos do seu prestígio.
Um saudoso amigo e grande colorado - Carlos Cesar Papaléo - indignado com o roubo de 2005, foi autor de um artigo: “A BOLA PUNE”. Nele aborda as conquistas do Internacional da Libertadores e do Mundial Fifa e a derrocada do Corinthians no pós-surrupiar. As conquistas internacionais colocaram o colorado entre os maiores clubes do mundo e, por consequência, alvo de respeito pelas organizações e times adversários.
Repetimos a conquista da Libertadores e disputamos novamente o Mundial. Lembram do Abbondanzieri revertendo um pênalti marcado em nosso desfavor?
Depois disso o Internacional caiu de divisão, seus dirigentes protagonizaram intervenções ridículas após a tragédia com a Chapecoense e o clube teve que enfrentar um rumoroso caso de desvio de valores do seu caixa. Além disso, o Inter não revelou grandes jogadores, não ganhou regionais, iniciando uma lamentável série de derrotas em Gre-Nais.
A circunstância autorizou que diante de qualquer dúvida a decisão fosse contrária ao nosso Clube.
Só há uma forma de mudar a conjuntura desfavorável: jogar um inquestionável bom futebol e ter dirigentes que se façam respeitar, entendendo a dinâmica da máquina que administra o futebol brasileiro.
O ano de 2021 é decisivo para mudar os rumos da nossa recente trajetória. Precisamos fazer diferente e mais, embora com os mesmos dirigentes da última e desértica e raquítica gestão de futebol e finanças.
A nós, torcedores, resta torcer e - para alguns, os que têm fé e acreditam que sorte existe - rezar.
Merecido o título do Abel Braga de melhor treinador do Brasil; ele é Sport Club Internacional.